sábado, 13 de julho de 2024

A INTERPRETAÇÃO CRISTÃ DA HISTÓRIA

O professor Otto A. Piper do Seminário Teológico de Princeton, EUA, realizou uma sequência de palestras na década de 1950, na USP, sobre a Interpretação Cristã da História. (Acesse a primeira das sete palestras em: http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/36390)

A interpretação da história é o refrão principal de todo o seu conteúdo, onde o professor procura explanar nosso entendimento sobre a realidade "factual", por meio de outros fatos passados. A obra relata o quão perdido no pessimismo o século XIX e XX ficou, isto, gerado também pelo terror. O medo do "novo" ofuscou artistas e escritores; mas trouxe consigo novas e antigas perspectivas. Antigas, ao observar que o tirano vencedor assume as ideias do tirano perdedor, e novas, quando se procura uma hermenêutica para tentar responder: (1) Será que a história se converge para algum plano? (2) ou somos vítimas de forças anônimas?  

A descoberta da “história” trouxe um novo leque de possibilidades. Mais que relatos fatídicos, agora, as lentes de quem observa, a filosofia ressaltada e a ontologia buscada são pautas na análise dos historiadores. O senso de “história” é Ocidental, e quem tem foge "dos acasos". A noção de cronologia (advém da consciência histórica judaico-cristã) é ressaltada ao olhar Jesus Cristo como fator preponderante na interpretação da história. Na antiguidade os grandes marcos, a memória nacional, volta-se a coisas interessantes e notáveis, era a buscava pelos intérpretes historiadores. Estes seguiam duas grandes ideias, a “estória” em Heródoto (narrativas, não necessariamente reais)  e a "história" em Tucídides (parecido com o que temos hoje). 

O pluralismo não apresenta um fio condutor, assim, o materialismo se torna problemático ao entendimento da história. Logo, há uma dificuldade em assumir uma história "natural" e "sem sentido". A saída vem com o platonismo, ou com o zoroastrismo, e a ideia de bem e mal. Porém, é no cristianismo que observamos um encadeamento mais claro sobre a história da humanidade. Observe as interpretações principais do tempo histórico.

Para o autor, a interpretação cíclica (indicada na astronomia mesopotâmica) traz a ideia de uma posição ativa, mais que um telespectador, porém, que recai no fatalismo e naturalismo mesmo as repetições sendo bem vistas em algum sentido. Em Nietzsche, amor fati, trata da aceitação integral da vida e do destino humano mesmo em seus aspectos mais cruéis e dolorosos, divergindo do amor cristão –  voltado a uma decisão arriscada. Já a interpretação linear traz dois processos, o finito (que coloca a tensão: Liberdade dos oprimidos X Desumanidade de tiranos, observando o otimismo de Hegel, reinterpretado por Marx, onde o objeto final está na mão dos homens) e o infinito (que coloca o valor do homem em relação ao que ele faz - epicurismo. Assim, os progressistas nascem e ditam o tom, dizendo: O bom de hoje, será melhor ainda amanhã; mas não esclarecem, que pode virar a loucura no por vir). 

Pensamos como o autor, que a liberdade nos torna responsáveis em relação ao curso histórico, entendendo que todas as nossas ações levam a um fim, já que racionalidade sem objetivo verdadeiro se torna “caricatura bizarra desenhada na pós- modernidade”. 

Por: Jefferson de Melo.


(Texto apresentando em uma das trilhas da disciplina: Abordagens cristãs às áreas do conhecimento nas ciências humanas ...)

Texto próx.: 

Síntese do Manifesto Comunista (21.7)

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