quinta-feira, 24 de março de 2022

FÉ, CRENÇA E JOVENS CRISTÃOS

Parte I 

A nação brasileira possui em seu documento mais famoso (Constitucional Federal 1988) a síntese, de que somos laicos. Termo confundido por muitos, já que um estado laico não significa um estado ateu; e sim, um estado que respeita, dialoga e se abre as diversas representatividade de crença e da fé. 

Já dizia o sábio: "O estado é laico, mas as pessoas não". 

Isso quer dizer, em resumo, que todos nós cremos e depositamos a nossa fé em algo, mesmo que não seja uma divindade, como o Deus-trino da Bíblia. Podendo ser, alguém, algo ou até mesmo "eu próprio", digno de toda crença e fé. Esse conjunto de crenças, envolto na fé, remonta um aspecto do ser humano, o religioso (Homo Religiosus) 

João Calvino disse que todos temos um senso de algo superior a nós (sensus divinitatis), logo, uma necessidade, por tal insuficiência humana, de crer e manter a fé. Tomás de Aquino trabalhou a ideia de que precisamos de Deus para conhecer determinadas coisas; já Agostinho confessou de coração, ao "conhecedor de nós". 

É inevitável a importância da crença, da fé, o firme fundamento das coisas que não vemos, mas esperamos (Hebreus 11.1). Mas, como temos a enxergado em nosso contexto? 

Nossa raiz é católica, logo cristã. Apesar disso, temos uma enorme crescente nas igrejas evangélicas, de cunho protestante. As pentecostais são em número, as que lideram. 

Apesar das igrejas tradicionais possuírem documentos credais, das quais seus fiéis seguem, existe um imaginário autônomo e interpretativo, individualizado da fé; principalmente aos jovens cristãos em espaços públicos, já que suas crenças muitas vezes não compreendem o estado laico, o Homo Religiosus, o Sensus Divinitatis e o "firme fundamento" do que não vemos. 

É dessa confusão que emana quatro pontos:


Parte II 

1. A Fé Cristã ingênua, que nega a razão. 

Aqui, falta aprimoramento bíblico-teológico apto, a não cair em fideísmo extremos, onde a tríade criação-queda-redenção não seja colocada a escanteio, em detrimento aos 'vários' pensares sobre a pessoa de Jesus.

2. A Fé Cristã porrete, amante da razão. 

Aqui, falta amor, à ética radical de Jesus, onde nega 'exclusividade'. O evangelho é um convite para a multiforme em Cristo. Incorporar o roteiro escrito, é mais do que saber cognitivo, que mais afasta, por exclusão, do que gera união. 

3. A Fé Cristã discipuladora, equilibra a razão. 

"Jesus; verdade, caminho e vida" (João 14.6). Discipulados, que partem do exemplo do Messias, andam na verdade, algo que o temente a 'razão' busca. Porém, a verdade aqui é o verbo encarnado, que nos leva a um caminho, de vida. Nesse caminho, a inteligência é humilhada, pois a razão, se curva; e a fé nos faz pensar. Seria uma dosagem, equilíbrio, em meio a uma sociedade extremista. Feita para a glória Deus. 

4. A Fé Cristã para sermos sempre Igreja!

"Me amas? Apascenta minhas ovelhas". 

A Fé cristã não deve ser ingênua, e nem um porrete; ela deve ser discipuladora, nos fazendo tornar igreja. Se dizemos que cremos, que temos fé, que amamos nosso Senhor; devemos cuidar de pessoas. Sim, literalmente. 

Sendo assim, jovens cristãos, da denominação que for, ou mesmo sem nenhuma no momento, vocês precisam manter a sua fé. Mas não de forma abstrata, simplista ou agressiva; e sim, de forma discipuladora, para edifício do corpo.

NEle, somos um, não há mais divisão, nem diferenças. Nossa mente foi renovada, por isso seguimos, então, nessa novidade de vida, mediante a fé, até ouvir do Pai:" Servo bom, e fiel (...)". 


Parte III

Por fim, seguimento em dois modos, o como pode ser exposto esses quatro pontos da fé cristã (ingênua, porrete, discipuladora, igreja); através da reflexão e pregação. Se o conteúdo é essencial, a forma é primordial.

A reflexão é imprescindível. Em uma sociedade que não lê muito, dificilmente se escreve - o pensamento está escasso. Então, faz necessário, em órgãos públicos e privados, empresas e escolas, períodos de reflexão, por iniciativa de professores, profissionais e pessoas engajadas com assuntos não apenas pragmáticos, como a fé e a crença, sabendo da sua valia para o todo, impulsos ao bem comum. 

Além da reflexão, há uma ávida necessidade das mentes teológicas, e corpos eclesiásticos; retificar esses tópicos por meio da pregação. O povo de Deus precisa aprender quem são, em Cristo - e desempenhar sua vocação após tal saber. Isto é impulsionado por meio da ministração expositiva. 

Pregação para Hernandes Dias Lopes, é ler o texto bíblico, explicar o texto bíblico e aplicar o texto bíblico. Para John Piper é exultar, declamar, anunciar, em amor, as boas notícias do Deus-Homem; em outras palavras, é ser um arauto do fato mais relevante da história da humanidade.

É mais que ensinar, palestrar ou mesmo refletir; é pregar vida em Cristo, para aqueles que foram mortos pelo pecado em Adão. 

Nesta pregação precisamos abordar a fé, não apenas a de Abraão em Deus, como tema para objetivos específicos; mas notificar a fé dos profetas e apóstolos, antes e depois, a fé em Cristo - que muda absolutamente tudo.

Reflexão e Pregação, precisam de investigação (prévia), e nos levam a contemplação (póstuma). Entretanto, suas finalidades não são as mesmas, apesar de se relacionarem. O 'Eu' reflexivo, não é o 'eu' Discípulo, apesar deles se envolverem.

Um pensa, logo existe, o outro, se entrega, assume seu estado de miséria e desgraça, nega-se, não se afirma, toma uma cruz, morre para si mesmo, e segue Jesus. Após, testemunha desta obra, dada pelo espírito santo.

Que possamos entender o enredo, atentar aos pontos e praticar por meio dos modos a fé, no que temos visto e ouvido, do silêncio ao invisível-real.

Por: Jefferson de Melo. 

@jeffmelo95


Nenhum comentário:

Postar um comentário