- Características da Reforma Protestante
Um dos movimentos mais importantes da história da humanidade, sem dúvidas. Ignorar o contexto, enredo e as implicações da reforma protestante seria perder de vista muitos dos fenômenos de nossa atualidade. Assim, o breve texto a irá procurar demarcar alguns pontos, principalmente em relação aos teológicos, onde a relevância perdura por mais de meio século.
Nosso intuito não é ser polêmico, mas procurar colocar a ênfase da reforma protestante no lugar correto. Alguns dizem que a ascensão da “ciência moderna” foi ocorrida desse movimento, e que outras mudanças de cunho artístico, político, filosófico, econômico se deram por parte do intelectualismo dos reformadores.
Sem dúvidas houve uma forte influência, mas de modo
posteriori, pois a priori temos na reforma uma atenção totalmente ‘teológica’.
A reforma foi um alerta para o mundo, em um período em que o desespero substitui as
manifestações de esperança no medievo.
Este alerta nasceu de um desejo por reavivamento, e não
por revolução. Explicamos.
1.1 A Reforma não é uma “Revolução”
A reforma, como o próprio nome já propõe, foi um movimento que procurou formular um novo modo de pensar igreja, como primeiro movimento. Lembro, que o renascimento não propôs uma filosofia robusta e sintética como a escolástica do medievo, isso fica claro na diversidade de “humanismos” manifestados no período.
Com a porta escancarada do mundo das letras e o retorno
aos clássicos, muitas leituras e traduções foram resgatadas, nascendo por meio
da crítica a necessidade por mudanças. Essas mudanças foram propostas por diversos humanistas, a diversas esferas,
mas, aos reformadores coube um olhar principalmente bíblico-teológico. Se na
variedade de “humanismos” pode ser observado alguma inclinação radical a
rupturas sociais e culturais, na reforma a busca pela igreja verdadeira, e
descobrimento da vida em Cristo prioritariamente se fez como pilar fundamental.
1.2 A Reforma é um “Reavivamento”
A principal corrente da Reforma não estava interessada no estabelecimento de uma tradição cristã inédita, mas antes na renovação de correção da tradição existente. (McGRATH, p.105)
Se a reforma protestante não é uma “revolução”, o que ela
é? Em síntese, penso que ela pode ser caracterizada por um “reavivamento”,
especificamente “espiritual”. A reforma colocou a Bíblia no centro, isso
significa que algo se acenderia outra vez.
Havia uma enorme inquietação na Europa Ocidental, era a queda da ‘idade
das trevas’, o caminho do ‘renascimento cultural’ e a renovação pela ‘reforma
protestante’. São tempos de mudanças. Observe apenas dois importantes fatores
dos séculos XIV e XV.
(i)
A igreja romana não dialogava
com os fiéis, eles estavam sedentos por Deus.
(ii)
Não se expressava a prática
da justiça social, e a corrupção estava instaurada.
- Alguns Reformadores e a sua Teologia
Havia uma inquietação na Europa, e a Reforma só desembocou aquilo que começou a algumas décadas atrás. Apesar da santa inquisição e o “código penal” chamado de heresias, homens como Wycliffe e Hus preparam o caminho para que Lutero, Calvino e Zuínglio pudessem seguir pensando, criticando e reformando, por meio das escrituras, a igreja de Jesus Cristo. Era necessário, nada de novo, voltar somente Cristo, as escrituras, a fé, a graça e a glória a Deus. Os chamados cinco solas da reforma.
“Quem não tem a Igreja por mãe, não pode ter Deus por pai”, é um jargão que resume bem o poderio que a Igreja Romana obtinha, ela era a única credenciada, e aceita a promover o Reino de Deus. Mas sua doutrina, mistura verdades bíblicas, com bulas papais; acrescentando e diminuindo sem medida a bíblia sagrada. Não suficiente, as missas em latim não tinham significado nenhum para o povo, nem mesmo, muita das vezes, para o “pregador”. Mas, o que parece ter sido a gota d’água foi o início da venda de indulgência, com a tônica: “Quando uma moeda cai no cofre, uma alma é liberta no purgatório”. A motivação era a construção da basílica de São Pedro, mas o meio (...)
2.1 Lutero, Calvino e Zuínglio
A marca de um reformador nesse contexto, é antes de mais nada uma fidelidade com a verdade, procedentes das escrituras. Orar e Labutar era o lema hermenêutico de Calvino. Diferente de Erasmo de Roterdã, humanista, escritor do Manual do soldado cristão e da tradução no Novo Testamento grego, que valorizava os livros, e a bíblia como um dentre tantos; um reformador carrega a bíblica na mente e no coração, como palavra de Deus. Antes de falarmos de maneira sintética, sobre as contribuições de alguns reformadores, enfatizo a importância das igrejas cristãs trazerem as suas reuniões, cultos e painéis estes heróis da fé. Não é canonizar os reformadores, eles falharam como qualquer humano, mas observar bons exemplos, para revigorar a nossa vida cristã.
Martinho Lutero (1483-1549) era um monge agostiniano, doutor em Teologia e professor universitário. Inconformado com o que via, principalmente as “vendas de salvação”, declarou: “O justo viverá pela fé”. Mas, o que importa aqui, é que as 95 teses do reformador, procurou mudar o interior da Igreja Romana, e não criar uma Luterana; isso foi consequência, por ser excomungado. Traduziu a bíblia para a língua do povo.
João Calvino (1509-1564) estudou Teologia e Direito, este era um humanista cristão por vocação, como Lutero também era contra o papa, o “culto formal” e a decadência intelectual do “clero”. Elabora uma obra basilar, as Institutas, no desejo de organizar as concepções reformadas. Por exemplo, a condição humana e o fator da graça divina.
Ulrico Zuínglio (1484-1531) foi um mestre em Teologia, mas a princípio um pastor. Nessa função sacerdotal, enfatizou a pregação bíblica. Seus sermões trouxeram uma nova perspectiva para a igreja suíça, primeiro; e depois para a vida pública, ou social.
Poderíamos dizer muito mais sobre estes e outros reformadores, suas contribuições e legado, do qual fazemos parte no presente momento, porém, devido a nossa delimitação e atenção às implicações teológicas geradas pela reforma protestante, consideramos a síntese como recurso de grande validade.
2.2 Implicações Teológicas
Sem dúvidas a reforma e os reformadores trouxeram em
primeiro lugar, um novo olhar para a Igreja, logo uma nova maneira de
interpretar a bíblia, gerando assim, teologia. Elas iram implicar em várias
esferas da sociedade, porém, procura antes de mais nada, se diferenciar da
Teologia Medieval, se organizar como Teologia Sistemática e se fazer valer como
Teologia Prática. Observamos a seguir.
2.2.1 Teologia Medieval
2.2.2 Teologia Sistemática
2.2.3 Teologia Prática
Mesmo com novos catecismos, credos e confissões era necessária a encenação de todo esse desenvolvimento teológico, uma teologia prática e orgânica. Para isso as traduções bíblicas para a língua comum foram prioritárias, pois as pessoas podiam consultar o que era ensinado nos seus exemplares, assim tornando vivo a conceituação de sacerdócio universal, onde todos os crentes em Jesus possuem um papel a designar. É possível que esse seja o maior legado da reforma.
- Referências
MCGRATH, Alister.
Teologia: Sistemática, histórica e
filosófica. 1. ed. São Paulo: SHEDD, 2005.
por: Jefferson de Melo
(Texto apresentado em uma das trilhas da disciplina Reforma e Educação)
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