segunda-feira, 14 de junho de 2021

TEx 21 - Cruella, Estella, Psicodélica.

"Cruela Cruel, Cruela Cruel,

É mais traiçoeira do que uma cascavel,

Em suas veias só circulam fel ...

Cruela, Cruela Cruel". 


Antes de começar a falar sobre a nossa personagem, e o filme em si, que apresenta a origem da identidade da "vilã"; vamos voltar ao excelente "101 dálmatas" de 1961. 

A antiga animação rompeu com algumas tradições artísticas da Walt Disney, quebrando a estética que vemos nos grandes contos, em exemplo, a divergência com a clássica obra Bela Adormecida. Os traços não firmes e as cores não definidas marcaram uma transição artística e influenciou na construção narrativa de outros curtas e longas dentro do mundo fantasioso. 

Essa história, traz a perspectiva de PONGO e Roger sobre Cruella. A ideia base do enredo é bem simples. De um lado, a construção do herói, algo já arquitetado no teatro antigo, com a tragédia grega; e do outro, a monstruosidade de uma "vilã'' com seus capangas, Horácio e Gaspar, em trabalhar em cima de uma questão antiética em relação aos animais.   

No filme de 2021, começamos a entender melhor como surgiu Cruella, voltando ao início. Pois está, antes, é Estella, uma garota extremamente curiosa, crítica e criativa; inclinada para as Artes, e consequentemente a Moda. Aqui é trabalhado as rupturas e os estilos que estavam em ascensão na Londres dos anos 1970; e é interessante observar o movimento, que tem a música como um "guia cultural" nas entrelinhas.

Estella, além de possuir tais qualidades, obtém uma espécie de desequilíbrio emocional. Em alguns momentos, uma escuridão toma conta da jovem, ao ponto dela perder o controle, e não saber mais quem ela é. A história segue, a questão materna é fundamental no desdobramento do filme; mas ao nosso ver, a transição entre a morte de Estella e o nascimento de Cruella como um efeito psicodélico, que distorce a realidade, é a questão fundamental da trama, já que a protagonista assume o seu lado sombrio e alucinante.

Dentro de nós há uma guerra, o bem e o mal; todos os dias, a cada ação a ser tomada. Por nossa natureza está corrompida pelo pecado, assim como Estella, nascemos atordoados, carentes de uma cura. O fato é que Estella não deve morrer; não num sentido físico, mas de estado de espírito. Assim, a maldade que existe em nós deve ser reprimida, e a bondade que almejamos, realizada todos os dias, a cada ação a ser tomada.

Estella se parece demais "conosco", um jovem que sonha, que luta, que briga consigo mesmo; que é valente e que tem medo. Vejo o embate com o nosso próprio “eu” necessário, porém, Cruella, é a personificação da perda dessa nossa guerra interior. Uma dica: Quando distorções da realidade se apresentarem a vocês, e a crueldade assumir; resistam! e reconheçam que precisam de ajuda, de remédio, de médico e de cura. 

Por: Jefferson de Melo.


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