Com valentia formada não me recordo de como era voar, e o que era um paraíso a qual estava vivendo, num dia após noite se tornou um verdadeiro inferno; e logo começo a ver as grades e a pequenez desse terrível lugar. Imatura, em minha mente já vem os pensamentos dos mais conturbados. Preciso ser livre outra vez. Será que eu já fui livre? Meu estado atual não é dos melhores, vou me lançar ou ficar, é confiança e medo.
Oh liberdade, um conceito que só vem quando há presos, e muitas vezes devido às correntes em nós mesmos. O livro do Êxodo relata a linda história de libertação do povo hebreu das amarras do jugo egípcio. O fato não só ilustra esta realidade, mas traz à tona que ser livre gera a priori responsabilidade, e não necessariamente felicidade, ainda mais se for supérflua como nos dias atuais. Uma angústia começa a se estabelecer, pois desde o dia que aceitei o bem-estar próprio entreguei a minha liberdade para alguém. Ando, corro e salto; mas nasci para voar. A fim de reconquistar os meus grandes voos, mesmo num espaço curto, casca de noz, preciso lembrar:
“A liberdade inclui sofrimento e dor”. (Monja Coen)
É uma escolha muito dura, será que estou consciente em fazê-la? Pois ela não me deixa imune a praticar o que de fato quero e entendo, sem me importar com os meus iguais; esta quebra os limites e regras de boa parte dos homens, é a ruptura da lei natural, que quando transgredida não é mais chamada de liberdade, mas sim de libertinagem. Como não cair nessa tentação? Que faz dos meus protestos por voos livres uma prisão para o mesmo? Devo reconhecer que sou limitado, nasci num habitat próprio, e existem condições extras que me deixam em dificuldade para nadar como um peixe por exemplo, porém, entre as condições em humildade não devo me limitar, mas sê valente!
“Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade.
A liberdade não é um fim, mas uma consequência”. (Leon Tolstói)
Confesso que o caminho, a verdade e a vida só pude encontrar em Cristo, e nEle somos mais, por Ele nos movemos, a Ele a glória, majestade e o louvor. Em Jesus a totalidade do que é ser liberto, algo não atingido pelos sistemas religiosos por meio dos séculos, mas apenas pela suficiente graça do filho de Deus, e nada mais do que isso.
Nos tempos do Apóstolo Paulo uma pergunta que parece entrar em contradição na atualidade se permeia, já que sacrifícios e circuncisão fazia parte do contexto do povo a gerações, era a tradição em nome do Senhor, e parecia estar tudo correto. Porém:
“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão”. (Gálatas 5:1)
Estes deveriam ser cada um de nós, que aceitamos as condições de sermos discípulos de Jesus, fundamentados na liberdade do próprio, sendo submissos ao seu senhorio. Afirmo, podemos em Cristo, e mesmo que parecendo muito, sim, todas as coisas.
A liberdade me chamou de canto e disse assim:
"Não deixe nada te dizer quem você é ...você é o que vê em mim" (Priscila Alcântara)
Ao olharmos para o sacrifício de Jesus demoramos para entender o peso de tal ato, e o como Ele nos trouxe para a vida, está, a do aqui e agora, abundante, já com a identidade de cidadão do Reino. Aqui a completa liberdade em Cristo por meio do seu evangelho.
Mas os embaraços começam quando a desconfiança da suficiência do salvador é questionada. Quando achamos que devemos fazer algumas coisas para ser salvo, solicitando barganhas e pagando indulgências modernas em troca da segurança celeste. Os medos geram as grandes listas, baseadas nas regras humanas, e não na Lei de Deus.
Confiar na justiça que excede a dos homens não é tarefa fácil, pois no medo de se utilizar a liberdade para o pecado e os anseios da carne, grande parte dos grupos religiosos ao longo da história fizeram abusos de controle humano. Estes são os dois extremos em que uma pessoa que recebe a liberdade através de Jesus pode se encontrar. Seja a carnalidade, vivida em libertinagem, seja no controle de pessoas, a excluindo da liberdade em Jesus; ambos estão pecando diante do Senhor; os dois casos para o alemão Bonhoeffer é fazer da maravilhosa graça uma graça barata, ou algo irrelevante e inútil.
“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor”. (Gálatas 5:13)
Sempre haverá o risco, sempre houve na verdade, dos filhos estarem em constante rebelião com o Pai, pois na ação de quererem ser autônomos, confundem a total liberdade, em receio da libertinagem. Mas, Deus sempre esteve em busca do homem, em todo tempo, nos chamando de libertos para viver a liberdade; e como isso nós tem assustado, que ao invés de gerar o favor de servir uns aos outros em amor, nos trouxe o desespero de correr, e não para a caverna escura e fria, mas sim para as nossas enfeitadas gaiolas; mesmo quando o maior libertador da humanidade rompeu com tudo na cruz. Ainda assim, há uma audácia nossa de questionar: Para que isso? Estamos bem!
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