quarta-feira, 11 de setembro de 2019

T01 2019: O eu contraditório.


Conhece-te a ti mesmo. (Sócrates)

Antes de qualquer expressão ser formada - as palavras, seus significados, a semântica precisa estar estabelecida; assim como as ciências, que contribuem na compreensão de alguma área do conhecimento. Os pilares. Entretanto, buscamos saber quem somos para viver melhor? Ou melhor, vivemos para buscar saber quem realmente somos, antes de dizer coisas e palpitar a respeito de tudo? 

Existe um senso no ser humano, a ontologia de quem somos, que de maneira individual caminha construtivamente a sua identidade. Nesta jornada ao conhecimento próprio obtemos diversas dificuldades que advém principalmente de distorções e falta de referência a nós, causando a problemática em questão: Como saber quem sou? Se não na relação com o outro ser humano!

Na lógica: Só existe o sujeito A, se ao lado estiver o sujeito B. Pois A não é B; (A difere B)                           

 A inicial de quem somos vem das diferenças e do relacionamento com o outro, e não no isolamento profundo com o meu ‘eu interior’, pois, só estaremos vendo nós mesmos nesse caminho. Assim, nessa observação a construção começa. A formação do que somos e o que nascemos para ser, sendo algo proposital, único e individual; dentro de uma vocação inserida no coletivo; entrelaça a origem das dificuldades. Atualmente, se mover em algo, por causa 'do outro' e não apenas por ‘mim’ ecoa como religioso, e a necessária individualidade para criatividade entoa como politicagem.

Por fim, dentro de nós há um caos, medo, angústia e sofrimento. Limitações que acreditamos que podem ser evitadas no percurso da vida. Mas, o fato é que ‘não’ podem. Elas por muito precisam ser experimentadas para que possamos se aprofundar na nossa identidade, e nos livrar da contradição que persegue os nossos passos por falta de entendimento; de que apenas somos se o outro ser, e que a dor faz parte dos processos, não do término.

A tragédia nossa de cada dia não é expressa num ato apenas do desconhecimento, ela vem cognitivamente aos poucos, formulando passo a passo os fundamentos que me levam ao “eu contraditório”. Não há resposta para algo que talvez nem seja uma pergunta nossa. Mas pode haver pausas, reflexões e silêncio.

por: Jefferson de Melo


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