quarta-feira, 31 de março de 2021

T03 21 - Procura-se: Pais e Mestres.

1. Os Pais

Maduros, ou pelo processo se achegando. 

Aquele que mesmo não formado, não é de nenhuma maneira desinformado. 

Os que não enxergam casualidade, mas comprometimento e cooperatividade. 

O que chamamos de país aqui, é o envolto entre a paternidade e a maternidade de um casal, homem e mulher; onde ambos geram filhos, sua prole. O nosso ponto é complementar ao fato genético dos pais e filhos, pois se liga a sua experiência de vida.

Completar, pois ter o “mesmo sangue” significa ser da mesma família, pai e mãe; porém, não em sua completude. Tenhamos cuidado com tudo isso ao aplicarmos.

Na relação, a prova de fogo, vemos mesmo as respostas fracas, desprovidas de graça e amor, correções e falta de crivo. Juízos vem de argumentos dessa natureza:

“Faça! Responda! Obedeça! Pois sou o seu pai ou sua mãe.” Não sei se o filho reconhece isso nesse tipo de imperativo. É preciso dialética, alinhada à respeito mútuo, e claro, um espaço seguro, familiar.

Ser pais não é só “por” crianças no mundo, isso é parte, claro. Mas, cumprir a missão primeira, de introduzir a uma nova vida, sobre esse mundo aqui, é tarefa essencial. As famílias não podem terceirizar essa vocação para ninguém, nem mesmo para escolas e igrejas.

Mesmo que frequentem ambos os ambientes e ser humilde em pedir ajuda a tais instâncias, os pais precisam entender, que mesmo assim, é sua tarefa trazer a primeira impressão, a primeira canção, redação, afeição e cosmovisão ao seu filho.

Nossos dias mostram os maus tratos aos pequeninos. Isso acontece ainda mais no ambiente interno. Pior do que pais não protegendo o jardim de sua semente, é ver os mesmos agredirem a futura grande árvore. É preciso um retorno urgente, para avançarmos.

Pais falam fazendo,

Não ficam prometendo.

Se ainda não consegue se doar,

É melhor que continue a esperar,

Para que outro ser humano,

Precocemente, não sofra.

Não faço uma apologética ao estéril,

Muito menos um chamado a adotar um “pet”; Grito junto ao choro pelo resgate,

Da beleza que é se tornar, pais de verdade.

2. Os Mestres

Nem todo pai é um mestre, e nem todos mestres são pais. Nem todo mestre tem título de mestrado, nem todo mestrado se tornará um dia mestre. Nem todo mestre é “mister” ou “master”; mas em tudo, todo mestre é mágico. 

Mesmo não acreditando na magia, percebo claramente o milagre que é o mestre para a comunidade. Sim, o mestre é uma benção para aqueles que o ouvem, pois, seus olhos são abertos em meio ao ensino.

Insensatos são aqueles que andam por aí sem uma referência, ou mesmo se achando uma sem ter passado por um bom mestre. 

Os mestres não andam com purpurina, estampando os seus rostos por aí, e dando opinião em tudo e sobre todos. Mestres são assertivos, intérpretes de seu tempo, didáticos, simples e não reducionistas. Já encontrou alguma dessas pessoas por aí? 

Se a resposta for positiva, se apegue a ela, elas são humildes. Mestres arrogantes não entenderam sua vocação; pois são uma espécie de atalaia da verdade, que mesmo com essa finalidade, compartilha sua mensagem com sabedoria, e em amor. 

Se a sua resposta for negativa, talvez seja um bom momento para procurar novos ambientes, e investigar o mesmo que já frequenta. 

Entretanto, é possível que você seja um mestre. Se isto é um fato, na vida, a jornada lhe mostrará. Independentemente da idade alguns são dados ao ensino, e outros precisam de aprendizados. 

E por isso aprender de modo autônomo é um desrespeito tamanho com a figura do mestre. Tenhamos cuidado com jargões da moda.

Lembro de um trecho do livro: “De Magistro”.

Num diálogo santo Agostinho questiona seu filho: Mas como aprender?

A resposta de Adeodato nos surpreende: Como aprenderíamos se não perguntando?

3. A Procura! 

Pensando na lei da oferta e da procura, vejo que há uma escassez, tanto de pais quanto de mestres, dentro dos parâmetros acima. Se há alguns anos havia uma oferta entre ambos, inundando as nossas cidades; escolas, igrejas e lares; atualmente ficamos à procura. 

A sociedade clama por esses profissionais não remunerados, que não são voluntários, mas vocacionados. São o terreno, os pilares para toda dinâmica ocorrer, e a música acontecer. Necessário para o não colapso. 

Então, até os confins, procura-se, não milionários ou heróis falsificados, pois para suprir o sofrimento (de órfãos, viúvas, estrangeiros e pobres) é bom saber que a base são os pais e os mestres.

Por: Jefferson de Melo.


domingo, 28 de março de 2021

TEx 21 - Ler, para que? Eis a questão!

Paráfrase da marcante frase "Ser ou não ser, eis a questão", atribuída a Shakespeare. O nosso título procura promover uma das grandes questões para a "última geração"; pois, afinal, "ler, para que?".

Vamos articular a questão em dois movimentos, sendo o primeiro deles o "ler".

No que consiste esta ação? Poderíamos fazer uma lista dos seus benefícios aqui, mas ótimos leitores já o fizeram; entretanto, a essência do que venha "ser" o "ler" vem sendo exposta em bem menos intensidade.

Percebe que ler tem muito a ver com o ser? A ação de assumir a responsabilidade de ler algo é uma atitude inata do ser, conecta com quem você é, e com quem quer se tornar.

Por isso, listar benefícios externos, dar um bônus, ou mesmo tornar a prática por "modinha" é atitude fraca, não cunhada em nossas entranhas, encucada em nossas mentes, ou seladas em nosso coração. É nada menos que vaidade, vem e vai, como o vento. Então preciso ser, para ler; mesmo que ao ler, posso sempre revisitar o meu ser.

Obs. I. O tipo de leitura aqui, é uma leitura mais profunda, textos e livros, como os clássicos, sagrados, filosóficos e literários. Não acredito que frases de efeito em redes sociais, clichês, jargões e senso comum se enquadre no que chamo de ler aqui.

Obs. II. Mas, se a pessoa é uma iniciante à leitura, ela deve se apegar ao que gosta, em primeira instância. Nesse momento, quase tudo é válido; como revistas, quadrinhos e mangás.

O tipo de leitura supérflua guia a nossa cultura. (Olha que paradigma). Ela se baseia no pragmatismo, já que quase ninguém aguenta ler mais que três linhas hoje em dia. (Por isso, parabéns se ainda está por aqui).

O imediatismo para entender e responder, para a última geração, os tais "milennials", coloca em xeque o "para que ler?". Neste segundo movimento há uma negativa, pois basta resumir, sintetizar, ou assistir um vídeo e pronto! Os áudios-livros e podcasts também fazem com que as pessoas não procurem as fontes, os originais, ouvindo sempre recortes de fragmentos comentados.

Nesse sentido, não sei como defenderia a honra dos livros. Porém, será que essa arte precisa de justificativa? Todos precisam se encantar pelo esforço exterior, ou temos que voltar ao interior, o ser? Eis a questão!

Por: Jefferson de Melo.