quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

TEx 2019 - Celebrando o fim de ano (2017, atualizada II)

As festividades de fim de ano são aguardadas por muitos de nós desde quando elas terminam. Mesmo não sabendo suas origens, conceitos e fundamentos (por nossa opção), não usamos a preocupação, resolvemos mesmo é festejar, continuamente, mesmo à mercê. Mas o conhecimento liberta, porém liberdade não traz felicidade implicatória como se tem ditado por aí, aliás, ela em verdade acarreta muita responsabilidade. Assim, as gaiolas que hoje são enfeitadas e não nos machucam, se tornam pretexto para deixar sempre o outro dizer o sentido e significado do que faço, do como vivo e logo, o que irei celebrar.

Dizem que o personagem principal das comemorações de fim de ano é o menino Jesus, o Cristo; mas gostaria de pensar que nele há um contexto judaico de legislação, um punhado de declarações proféticas, algumas narrativas e belas poesias, e se desconsidero tudo isso, o próprio texto bíblico que o apresenta se desfalecesse; como por exemplo Isaías 53 e Salmo 22, quando indica abertamente predicados do esperado.

Mais além, no livro do Gênesis há anúncios de enredo pós queda do homem; algo de importante já era anunciado, apontamentos para o plano de salvação. Então a atenção que se deve dar é quando olhamos para quaisquer dos evangelhos, pois a valorização não é apenas para o como Jesus veio ao mundo, (mesmo Mateus e Lucas relatando/ narrando junto a pesquisas estes detalhes) mas a grande preocupação deve ao ministério, a morte e ressurreição de Cristo; isto deve à observação aos escritores que gastaram parte do tempo nestes itens, simplesmente por que está era e é o que há de mais central. O nascer ainda era muito vago ao Mundo, apesar do caos vir por meio da loucura de Herodes, mas foi no morrer que houve e há a justificação.

Agora, de onde vem esta celebração ao nascimento do ‘Cristo’? Já que nem a Bíblia Sagrada, nem os cristãos primitivos, (Haja vista considerada seita judaica) valorizavam o tal momento. A festa da Páscoa, pelo contrário, já havia tradição; e com o marco de Jesus houve se ainda mais; com raízes de entrega, conciliou dois eventos ocorridos próximos; lembrando que tal festa já era instituída como tradicional a cultura judaica. (Êxodo 12.1-14).

A ironia é que hoje até não adeptos à Cristo celebram, devido a muitas questões, já que em nossos dias a data é um feriado nacional e a sociedade brasileira é de estado laico, segundo as normas. O interesse se aflora quando na véspera do dia 25 de dezembro milhares de pessoas aguardam o ponto alto da noite para a alimentação e uma série de trocas/ distribuição de presentes motivadas voluntariamente/ involuntariamente por São Nicolau e os mitos de um personagem de fama, o Papai Noel. Em meio ao contexto, a festa substitui a motivação para o mesmo, é a festa pela festa, cheia de vazios, pois no dia seguinte a única preocupação é ainda o ‘presente’ e o ‘alimento’. Refletir sobre estes assuntos pode me colocar de frente comigo mesmo, minhas crenças e descrenças, meus valores e minha ética, assim talvez seja melhor vivermos no superficial, comemorando algo que não temos a menor ideia do que seja, apoiada por discursos onde o dinheiro, a exposição e a suposta felicidade seja o cume da existência humana. Tudo isso parece bem próximo do que o único cristão disse numa montanha a alguns anos, você não acha? (Creio que não!)

Historicamente teve se a busca pela data que Jesus nasceu, pois para cientificidade isto é importante, assim os cálculos se basearam em várias notas que no geral não influenciaram em nada as decisões seguintes. O entrelace do milagre de Jesus com relação a água/ vinho e a cultura pagã em adereços gregos, foram heresias baseadas em relatos, que na igreja grega de Alexandria se firmou em liturgias. Em síntese, a igreja romana subsequentemente fixou no dia que conhecemos como o aniversário de Jesus o entrelace da festividade pagã, relacionada ao sol, com o dia natalino.

“Mas, para vós, o que temeis meu nome, nascer-vos-á o sol da justiça, e em suas asas trará a cura. E saireis e saltareis como bezerros do estábulo”. (Malaquias 4.2)

Com motivação de âmbito ‘teológico’ tratando Jesus como o próprio sol, tem-se a junção do que o paganismo já celebrava com a militância romana em transformar o Cristianismo na religião totalitária de seu tempo. Santo Agostinho pensador da igreja, trouxe a reflexão para os cristãos não celebrarem ‘o novo Sol’ ou o “nascimento” “natal”, alegava o conflito em celebrar o Sol, e não o que fez o Sol; problemática da relação Cristã-Pagã. O ano de 353 E.C. (Era Comum) se instituiu em Roma a cerimônia de Natal, e nos séculos seguintes logo se difundiu no mundo, mesmo com possíveis contradições no calendário. Contudo, para o dia celebrado se estenderam simbolismos também, com o envolvimento de árvores como itens principais, porém o contexto de sua origem tende a pagã, e a relação à deuses, sem conotações ligadas a Jesus, nem tão pouco com a sua mensagem.

Já o Chanucá ( חנכה ḥănukkāh), festa Judaica que significa “dedicação” ou “inauguração” possui preceitos diferentes do natal ‘cristão’. Comemorado em oito dias, faz parte de outro molde de calendário, e é iniciado em 25 de Kislev. Sua origem inicia no momento que a Síria impõe sobre Israel não só poder político, que já acontecia, mas também poder religioso, que em 180 a.C. veio à tona. Porém, os judeus não aceitaram abrir mão de sua tradição, que engloba a cultura de guardar a Torá, o livro da lei de Deus. (Entenda guardar aqui como ler, compreender, viver e ensinar).

O direito foi tirado pelo decreto de Antíoco, que ousou transformar Jerusalém numa polis helenista em apoio de judeus ricos que simpatizaram com tal ideia. A diante foi está, e em 167 a.C. um templo a Zeus foi erguido, e logo encadeou uma batalha liderada por um grupo de judeus a força dos sírios-gregos. A luta revelou Judas Macabeu e sua vitória improvável; esta trouxe o que é de fato esta celebração, pois logo depois do grande feito um ato genuíno na cidade santa foi realizado, a purificação do templo e a reconstituição do “sagrado”.

Junto ao milagre da vitória improvável se tem o azeite puro, que de um dia, se manteve por oito, mantendo as luzes da menorá (candelabro) acesas, assim possibilitando a troca por outro azeite puro, seguindo os preceitos da Torá. O que fica de tal celebração é o resgate e a alegria familiar, a escolha de ser livre e o pensar de quem eu sou, para compreender o que realmente festejo. 

Por: Jefferson de Melo.